Minha vida é uma merda.
Escolhi essa frase como a primeira do blog por definir bem o que está por vir aqui. Minha vida é uma merda e nesse blog farei meus desabafos sobre a vida, a rotina, finanças, relacionamento e esse país infernal que vivo.
Meu apelido é Montanha mas não, não sou o cara grandalhão que você espera encontrar portando esse apelido. Sou um cara alto, magrelo dos braços finíssimos e pernas desproporcionalmente longas, do tipo que tem que mandar ajustar as calças pra não ficar com as canelas finas e peludas á mostra.
Também sou pobre e sempre fui. Meu pai é workaholic, estudioso, mas um fracasso em finanças pessoais, sendo levado á falência diversas vezes mesmo tendo passado por empregos com salários poderosos. Minha mãe é uma mulher bastante conservadora e submissa, do tipo que se prontifica a cuidar do marido, da casa e dos filhos sem pestanejar, um bom exemplo de mulher.
Contarei mais detalhes sobre minha vida, separando em fases:
Infância (1-10 anos)
Esse porte físico me acompanha desde a infância, onde fez que eu sofresse bastante com os coleguinhas presenteados com melhor genética e mulheres em geral - que pelo visto aprendem desde o berço como destruir um homem feio.
Estudei sempre em escola pública, dividindo espaço com todo tipo de futuro marginal, mulheres feias que se achavam merecedoras de bajulação e pobres de todos os tipos. Ao menos tive bons professores...até a 4ª série...
Apesar de tudo eu era um sonhador, acho que nessa idade todos nos somos. Sonhava em ser rico, em ter uma casa poderosa, ter uma bela esposa, conhecer o mundo inteiro, fazer coisas merecedoras de respeito e mérito. Pfff...
Típica recepção calorosa diária dos amiguinhos - substitua os tomates por "terrões".
Aborrescência (11-17 anos)
Uma época ingrata e infeliz. Minha feiúra, pobreza e magrelice combinavam em um perfeito repelente de mulheres, a testosterona fervendo fazia com que me envolvesse em constantes brigas com os outros moleques, mas como eu não tinha porte físico nem amigos acabava sempre apanhando. Meus professores eram desmotivados e o pior era o de matemática, alcoólatra, chegava fedendo a cachaça e cambaleando todo dia, o que me fez perder praticamente todo o ensino de matemática da 5ª a 8ª série.
No ensino médio fui parar em uma escola onde branquelos como eu eram raros e a cultura do gueto predominava. As mulheres lambiam o saco dos marginais, os marginais desciam o sarrafo em caras como eu. Estudar era impossível, já que quem tirava notas acima de razoável era motivo de chachota. Minha rotina era, basicamente, levantar bem cedo, caminhar 1km até o ponto de ônibus e depois subir uma maldita rua ingrime correndo feito um retardado pra chegar no horário, chegar na escola suado e fedendo e ser humilhado das 7:00 ao meio dia, ficar 1 hora no ponto esperando ônibus, caminhar mais 1km, passar a tarde jogando video-game e se masturbando pensando naquela vileira rabuda da classe. Lixo.
Por volta dos 16 anos fiz um curso técnico onde os alunos eram muito diferentes. Os pobres não eram marginais e os melhor-afortunados eram nerds. Adorava esse curso pois lá eu não apanhava nem era humilhado e tirar boas notas não era motivo pra ser zoado. Isso melhorou um pouco minha auto estima, comecei a fazer academia e finalmente ter acesso a mulheres e ao sexo.
Juventude adulta (18-25 anos)
Quando o curso técnico acabou eu me vi novamente em um mundo cruel. Comecei a trabalhar e era humilhado diariamente por chefes tetinhas e funcionários mais velhos que me tratavam como lixo. Não tinha muito contato com os amigos que fiz no curso, já que estavam todos indo pra faculdade. Faculdade? Não, não consegui fazer. Recebia muito pouco pra pagar um curso, o falido do meu pai não tinha condições de bancar nem faculdade nem cursinho e o estudo precário que tive não me permitiu passar nos vestibulares poderosos das federais. Que tristeza.
Foi aí que um dos poucos amigos de infância se mudou pra São Paulo -sim, a cidade- e me chamou pra conhecer umas baladas que ele frequentava. Baladas góticas.
Me surpreendi ao encontrar muita gente em situação emocional parecida com a minha, um bando de fudidos tristes e rejeitados, que decidiram abraçar de vez a rejeição para se aceitarem entre eles próprios. Me juntei a eles. De cabelo comprido, unhas e olhos pintados de preto eu ia pra balada, passando por muitas pessoas que riam e me humilhavam no caminho, mas sendo bem recebido pelos frequentadores das baladas, tendo acesso a mulheres medianas e supra-medianas branquíssimas fantasiadas de vampirinhas e lolitas. Era um misto de fracasso e sucesso. Nesse meio encontrei uma garota e fiz a maior merda da minha vida: me casei com ela sem planejamento algum. Eu tinha 20 anos e ganhava uns 750 reais/mês na época, ela tinha 17 e ainda estudava no colégio.
Sem apoio financeiro familiar (ela era mais pobre fudida que eu), fomos morar juntos num escritório abandonado - resquício de uma empresa que minha família montou no passado e faliu. Não tinha banheiro interno, não tinha cozinha, eram apenas 3 cômodos vazios entupidos de poeira e insetos mortos. Me enfiei de cabeça em dívidas, transformei aquilo em casa e com o casamento vieram móveis toscos de Casas Bahia, bom, a cavalo dado não se olha os dentes, era melhor que nada.
As dívidas destruíam minha mente e ajudavam a conturbar o relacionamento que já não mais era fácil - sabe quando dizem que uma coisa é namorar, cada um em sua casa, e outra é viver juntos? Então...
A motivação ruía, não tinha forças nem pra permanecer nos subempregos que conseguia. O ápice da miséria foi quando aceitei um emprego de vendedor 100% comissionado, sem salário fixo, mas não conseguia vender nada. Minha mulher fazia bico de manicure, ganhava cerca de 250 reais por mês e com isso a gente "vivia". Passei meses guardando almoço para ter algo na janta, mas era orgulhoso demais pra tomar alguma medida como vender bala em semáforo ou segurar placa em formato de seta em cruzamento pra imobiliárias.
Então surgiu a oportunidade de nos mudarmos para São Paulo, pois minha sogra tinha uma casa de fundos vaga e recebi uma proposta de emprego "excelente" (1100 reais por mês...meu deus como pude achar isso bom um dia?). Nos mudamos para São Paulo e a situação financeira rapidamente melhorou, porém a situação social desmoronou. Eu perdi contato com meus amigos, eu não ia mais naquelas baladas nem tinha mais o cabelão que molhava algumas poucas calcinhas. Minha mulher se tornava mais gorda, feia e descuidada a cada mês que passava. Com a situação financeira melhorando finalmente se tornou possível bancar uma faculdade, mas então cometi outro erro monstruoso: decidi que ELA faria o curso e então, quando terminasse, eu faria também.
Pouco depois que começou a estudar ela recebeu ofertas de emprego com salários muito superiores ao meu (1500 a 1800 reais) que ela, obviamente, abraçou. E aí nossa situação virou do avesso, já que ela se sentiu no direito de controlar as contas da casa e o destino do dinheiro. Comprou um carro, populixo, financiado em 72x sem entrada (existe negócio pior na face da terra?). Eu fui contra, mas não tinha mais poder em casa. Ela ascendia na carreira, recebendo salários cada vez maiores, fazendo amigos no trabalho e happy hours enquanto o retardado mental aqui se isolava do mundo em casa, deprimido, jogando joguinhos no pc, fumando, bebendo álcool e me masturbando, já que sexo era coisa rara e eu mal sentia prazer com aquela hipopótamo. Comecei a perder fome, sono, vontade de viver. As brigas eram constantes e eu sempre saia perdendo. Era humilhante. Certos dias me pegava torcendo para que ela morresse em um acidente de carro indo ou voltando do trabalho, assim eu ficaria com tudo e cairia fora daquela situação.
Em certo ponto ela, aquela coisa gorda horripilante e sem coração, decidiu mostrar um pouco de solidariedade e decidiu que compraríamos uma moto fodona estradeira (sou apaixonado por motos estilo Harley Davidson). E lá vamos nós financiar outro veículo em 48x...
Comecei a fazer pequenas viagens, me envolver com motoclubes e conhecer pessoas razoavelmente felizes. Comparava essas pessoas á minha situação e sentia nojo de eu mesmo, nojo da mulher que eu tinha. Tomei coragem e pedi o divórcio.
True story...
Vida adulta (25-29 anos)
O divórcio foi bizarro. Eu havia acabado de fazer 25 anos e perdi tudo. Cinco anos literalmente jogados no lixo. Todo o esforço investido naquele carro, naquela faculdade, nos eletrodomésticos. Fiquei com a moto e suas dívidas ainda fresquinhas e até isso a vadia tentou tirar de mim. Ainda bem que não tivemos filhos! Voltei para a casa dos meus pais, já que a casa que montei no passado estava "emprestada" para meu irmão. Fui trabalhar na empresinha do meu pai (a qual tenho 50% de sociedade, mas só por razões legais, mando porra nenhuma la), recebendo salário de funcionário ralé e trabalhando feito dono, sendo humilhado pelo meu pai que é um cuzão de marca maior. Recebia o suficiente pra pagar a moto e ainda sair pra baladas me embebedar e caçar mulheres, além de fazer algumas viagens de moto. Sentia a vida voltando para dentro de mim.
Quando a vida finalmente se estabilizou conheci uma garota muito bonita e correta, pobre mas de boa família, acabei me apaixonando e namorando, mas dessa vez sem botar os burros na frente da carroça. Quitei a moto, quebrei o cartão de crédito e comecei a guardar dinheiro. Meu irmão devolveu a casa, me mudei pra lá denovo. Recebi uma proposta de emprego excelente, oferecendo R$2.400,00 - o dobro do que eu ganhava. Aí eu conheci a blogosfera de finanças e a Real, isso me fortificou e instruiu bastante.
Motivado me dei bem no emprego - o que estou até hoje - e recebi um aumento poderoso no salário. Vendi a moto e peguei uma bem mais econômica. Estou voltando a estudar. Eu sou da opinião que a vida não tem muito sentido se você não passar os genes adiante, não criar herdeiros, então decidi me casar novamente. Ao contrário da minha ex-mulher, minha noiva fica mais bonita a cada dia que passa e está adorando aportar dinheiro e ver o patrimônio crescer, ver os sonhos se tornando cada dia mais próximos. Eu sei que todo relacionamento apresenta riscos imensos, mas estou disposto a tentar uma última vez. Estamos juntos há quase 3 anos, planejando um casamento simples daqui 2-5 anos, e tudo correu muitíssimo bem até agora. Ela me respeita e discussões são extremamente raras.
Futuro breve (30-40 anos)
Fazer 30 anos me deixa apavorado. Lembro que quando era adolescente parecia que chegar aos 30 levaria uma eternidade, mas tá logo aí. Idade de tiozão. O pior é pensar que realizei tão pouco na vida, não alcancei nenhum sonho material, não tenho muito patrimônio. É triste imaginar que ainda vou levar uns 10 anos pra alcançá-los, lá com quarentão, mas ao menos sei que agora tenho boas chances.
No próximo post falarei um pouco sobre o título desse blog e minha teoria que chamo de "Império Pessoal".
Até breve!